Um empate com sabor de derrota deixou todos fãs abatidos nesta segunda-feira, dia 13 de julho de 2020. Mais que uma ducha, uma cachoeira de água fria, para todos que seguem os Red Devils – e, não se engane, para aqueles que trabalham no time também.
Porém, algumas lições importantes podem ser subtraídas deste momento de dor, e as cinco principais, ao meu ver, são:
1 – Nós vamos marcar
Aconteça o que acontecer, além de um elenco poderoso e invejável na frente, temos entrosamento e variação. Marcamos gols em tantos dos últimos jogos que já não me lembro quando foi a última vez que este ataque passou em branco. Se algo pode nos servir de alento, é isto: todo dia é dia de gol do United (e nem os flamenguistas podem falar isto do Gabigol).
2 – Temos força mental
É a terceira vez que saímos atrás no placar e, pelo menos, empatamos o jogo depois. Contra o Tottenham, saímos atrás e empatamos em 1 x 1. Contra o Bournemouth, ganhamos de 5 x 2. Contra os Saints, infelizmente, concedemos aos 51′ do segundo tempo, mas, até lá ganhávamos por um gol de diferença.
Isto demonstra uma coisa fundamental: não nos abalamos mais quando saímos perdendo. E, talvez mais importante do que isto, adversários agora sabem que, se marcarem um gol, nós partiremos pra cima deles sem medo.
3 – Estamos cansados
Todos os jogadores mostraram sinais nítidos de cansaço na partida em questão. Bruno Fernandes, que ficou em campo até os 82′ de jogo, estava esgotado. Shaw torceu o tornozelo após muito tempo. Passes no terceiro terço do campo (próximo e dentro da área do adversário) começaram a dar bem errado. Matic, um primor há alguns meses, já não era uma figura dominante no segundo tempo e Pogba cometeu erros infantis.
Foi a quinta vez que escalamos o mesmo time, sem alterações, nos últimos cinco jogos. Isto não acontece desde fevereiro de 1993, quando SAF ainda não tinha seu primeiro título da Premier League. Maratonas de jogos tão longas cobram seu preço – cansaço e contusões são os mais altos deles.
4 – Os Saints nos estudaram. Nós não os estudamos
O So’ton veio bem montado, pressionando nossa saída de bola, desarticulando o trabalho de Matic e Pogba e dificultando muito a transição da bola da defesa para o nosso impiedoso ataque. Sinal nítido de que fizeram isto, foi que Pogba levou um bote em uma reposição (mal feita por De Gea) e, na sequência, tomamos o primeiro gol.
Já o United não mudou seu estilo de jogo em relação aos últimos jogos e não soube anular ou contornar a pressão do bem treinado e bem armado Southampton, time que havia batido o Manchester City na rodada passada.
Jogos muito próximos entre si têm dificultado o estudo de adversários por parte de nossa equipe técnica. O bom momento do time pode ter levado a alguma relaxamento no desenvolvimento de táticas. No fim, tudo isto resultou em empate doloroso para todos nós.
5 – O fã brasileiro é problemático
Mais uma vez, as mídias sociais foram inundadas por insultos aos jogadores e à equipe técnica do Manchester United, principalmente vindas dos “fãs” brasileiros do time. Além de uma falta de respeito patológica, o fã brasileiro parece esquecer de que nossos números são os mais impressionantes na Europa pós-lockdown.
Fosse ele um torcedor do City, Chelsea ou Leicester, hoje, estaria amargando derrotas e surras! Defesas esburacadas, sistemas táticos falidos, perda monumental de pontos e um bom número de contusões. Não se pode dizer isto do Manchester United, que pode até ter patinado, mas não escorregou e caiu de bunda uma única vez desde que a PL retornou.
Também não se pode desmerecer o bom trabalho de muitos técnicos de times pequenos atuando na Inglaterra. Técnicos que ganham, muitas vezes, o dobro que outros atuando na Espanha e Itália, mesmo que tenham seus times na zona de rebaixamento. Outros times também treinam, também lutam, também têm objetivos. Não podemos sempre achar que um gol levado é falha da nossa defesa – algumas vezes é puro e simples mérito do adversário.