Por Mauro Sanders
05/01/2016
Enquanto se evapora os últimos minutos de 2015, o calor da excitação do que Manchester pode me oferecer na última noite do ano encara um choque térmico de 4°C. Parece que Deus acordou de bom humor e nos presenteou com uma noite sem nuvens e algumas estrelas aqui e acolá, trazendo-me boas recordações dos meus vinte finais de anos anteriores onde, certamente, eu estive só de bermuda enquanto insultava os céus pelo calor infernal de Araçatuba.But, this is Manchester buddie.
Enquanto espero encher a balada onde vou curtir a troca — seja do próximo ano, seja da próxima garrafa — caminho pela Vila Madalena de Manchester: Deansgate. A cidade transborda uma atmosfera de festa e de agito, mas de uma maneira contraditória, ainda deveras contida e formal. Inglesa, acima de tudo. Mas, são apenas nove da noite. Os pubs estão já cheios mas meu copo permanece vazio.Uma vez tive um amigo islandês no Brasil e ele me disse que final de ano sem frio é tipo Paris sem Torre Eiffel. Perde o charme. Porém, no meu caso, a antítese é mais verdadeira do que nunca: final de ano sem calor é tipo Rio de Janeiro sem praia. Onde foram parar aquelas pernas bronzeadas desfilando numa tarde ensolarada ? Aqui, elas estão empacotadas em duas ou três camadas de roupas grossas.
Falta duas ruas para eu terminar minha caminhada direto à minha festa. Mas paro e admiro a belíssima Albert Square, em frente ao suntuoso edifício vitoriano do City Council, onde as pessoas começam a fazer a típica aglomeração turística em frente ao papai Noel gigante que irá recepcionar uma inesquecível queima de fogos daqui uma hora. A cidade está ricamente ilustrada pela inconfundível decoração natalina europeia.
Meus olhos intimidam seriamente esse papai Noel gigante e iluminado. Antes de me virar e prosseguir para uma noite que seria intensa e recheada de boas histórias, digo em tom de ameaça para o bom velhinho:
Em 2016, não esqueça dos meus presentes em Old Trafford.