Por Melissa Gargalis
13/09/2013
Guerra. Uma palavra que sempre existiu no vocabulário do homem. Desde os tempos mais remotos o ser humano com a intenção de se proteger e até mesmo de amedrontar os adversários construía enormes muralhas. Verdadeiras fortalezas.
O Manchester United, por tudo que representa, é de fato uma fortaleza. Não preciso nem comentar a quantidade de títulos, conquistas e história que esse clube tem. Vamos aqui focar no aspecto de que o maior campeão inglês, no atual momento, enxerga sua fortaleza abalada. Não me refiro à ameaça de perder o posto ou algo parecido, até porque isso é impossível. Nossa história nos garante uma supremacia vantajosa no mundo do futebol. Refiro-me, portanto, ao orgulho que nos foi ferido. Nesta janela de transferências, tivemos por X razões, motivos que deixaram todo e qualquer torcedor do United de cabelos em pé. O choque que levamos foi intenso.
Não é nada fácil para um clube grande se conformar com os “nãos” que foram despejados sobre si. Propostas foram feitas e os jogadores não vieram. Além disso, é cruel vermos um ídolo do time quase que implorar para sair. Sem contar com as palavras de David Moyes que tentava a todo o momento não dar importância aos acontecimentos que estampavam os jornais: “temos um bom elenco”. Mas já passou. Agora não adianta chorar pelo leite derramado. Mas a realidade é que esses “nãos” e a confusão que foi o “deadline-day”, com direito a impostores e tudo mais, feriram de verdade nosso orgulho. Enquanto víamos os rivais esbanjando dinheiro e trazendo peças importantes para compor o elenco, o United trouxe apenas um jogador pelo preço que inicialmente seria de dois. Estratégia errada? Não sei. A lei do mercado talvez possa ser mais complicada do que parece.
Fazendo uma comparação, um tanto quanto esdrúxula, o vai e vem do mercado europeu me lembrou dos corriqueiros casos de vendedores ambulantes. Aqueles que ficam nos sinais de trânsito e fixam suas mercadorias por X reais. Nota-se a diferença básica entre o mal e o bom negociante. O mal é aquele não gosta do valor, mas adquire o produto. Ou que simplesmente não compra e depois fica sem. O bom é aquele que espera até o instante final, em que o semáforo abrir e com um diálogo de 2 minutos convincente leva a mercadoria por um valor bem mais em conta do que o preço inicial. O que é importante para o vendedor, que não fica com o produto encalhado e, para o cliente que se convence de que fez um bom negócio. Claro, um exemplo bobo. Mas voltando à Manchester, fomos meros mal negociantes. O excelentíssimo, senhor Ed Woodward, deveria saber bem dessa artimanha. Mas apostar em sua funcionalidade é ser muito negligente. A aposta em levar um jogador somente no último dia e pior ainda nos instantes finais do prazo da janela é de dar calafrios. Ainda mais para um time que necessitava de reforços urgentemente. Considero o ato como sendo de pura incompetência.
Voltando a história da fortaleza é certo dizer que com Sir Alex Ferguson que, a meu ver, fez verdadeiros milagres ganhando títulos com alguns jogadores bem na média (para ser educada e vocês com certeza sabem a quais me refiro), o United apesar de não ter feito nenhuma grande contratação nos últimos anos, com exceção de RVP e Kagawa (que é uma excelente opção, mas que ainda não vingou),tinha o velhinho que, com muita classe segurava as pontas e nos transmitia muita segurança. Mesmo que tenha errado em algumas ocasiões, tinha crédito para tanto. Agora, não podemos mais errar. Nossa fortaleza será para sempre, mas desta vez, sinto em admitir, ela está fragilizada. Nossa muralha está vulnerável. Não digo somente com o time que temos. Copiando o que o positivo Moyes diz: “temos um bom elenco”. Pois é! Mas é bom e somente bom.
A “fórmula” para manter o nível do clube, se é que existe uma fórmula, é bem básica. Moyes tem apenas que saber lidar com os médios e fazer com que eles cresçam para se tornar no mínimo reservas descentes. Tem também que dar uma injeção de ânimo em alguns jogadores de decaíram muito de algumas temporadas para cá. Deve transmitir confiança aos gênios que ainda temos em nosso elenco. Tem de dar oportunidade para alguns jovens que justificaram e convenceram que são capazes de vestir a gloriosa camisa vermelha. Além de rezar para que nenhum jogador do meio de campo se lesione com gravidade. E claro, o principal, aprender com os erros. Que este início de temporada, com toda a confusão armada na janela de transferências, não passe despercebido e que sirva de exemplo para que tais atitudes jamais voltem a se repetir.
O Manchester United pela sua grandeza não pode contar com amadores em sua administração. A guerra com os chefões não é de hoje. Acho que um “#foraGlazers” seria coerente para finalizar esta coluna e um bom começo para um novo United.
Estudante de jornalismo e colunista do ManUtd BR. Desde que me conheço por gente vivo e respiro futebol. Fã incondicional do Manchester United. Motivo? História, respeito, raça, tragédia, vitória, título e acima de tudo símbolo! Quantos aos outros? Nunca serão!
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