Por: Matheus Savioti e Paulo Henrique
A vitória contra o Watford pela última rodada da Premier League foi notória pela despedida de Michael Carrick em pleno Old Trafford depois de 12 anos defendendo as cores do United para dar início a nova fase da sua carreira como futuro treinador. No entanto, também foi a milésima partida realizada pelo maior campeão inglês na Premier League, formato este vigente desde a temporada de 1992/1993.
A transição da primeira divisão para a Premier League foi um marco na história do Manchester United, que então sob comando de Sir Alex Ferguson venceu a edição de estreia e desde então colecionou 13 títulos, somando com sete antes de assumir o clube, totalizando 20 títulos nacionais.
Junto ao Arsenal, Chelsea, Everton, Liverpool e Tottenham que também atingiram as 1.000 partidas, o United nunca foi vítima de rebaixamento e detém o recorde de 629 vitórias e 1.924 gols marcados. Ryan Giggs foi quem mais venceu e atuou com 407 vitórias em 632 jogos, enquanto Wayne Rooney atualmente detém a marca de 183 gols.
Como forma de celebrar o êxito milenar, compilamos estatísticas de toda a trajetória do Manchester United comparando com os mesmos rivais durante esses 26 anos, partidas histórica, curiosidades e o melhor elenco de todos os tempos segundo a votação realizada nos entre os meses de junho e julho pelos leitores do site.
Sheffield Wednesday 1 x 2 Manchester United (10 de abril de 1993)
Fergie Time entrou para o dicionário do futebol como forma de honrar os inúmeros milagres protagonizados pelas gerações de Alex Ferguson. Aquele único gol da vitória nos últimos cinco minutos que decreta uma temporada bem sucedida e representa a tamanha responsabilidade de vestir a camisa vermelha de Manchester. O primeiro título nacional de Ferguson veio a coincidir na primeira edição da Premier League, em 10 de abril de 1993, quando o United enfrentou fora de casa o Sheffield Wednesday com o propósito de largar na liderança diante o vice Aston Villa.
John Sheridan abriu o placar aos 65 minutos para os anfitriões de pênalti e então a resposta Red Devil veio aos 86 minutos com Steve Bruce cabeceando o cruzamento de Gary Pallister para o fundo das redes. A reação fez com que a equipe buscasse o segundo com Pallister aproveitando o cruzamento errado de Giggs para mandar na área e Bruce novamente cabecear livremente para o deleite de Alex Ferguson que protagonizou, ao lado do assistente e ídolo Brian Kidd, uma das cenas mais emocionantes do futebol extravasando o primeiro sonho de muitos.
Manchester United 9 x 0 Ipswich Town (04 de marco de 1995)
Uma das atuações mais perfeitas do United moderno, o rebaixamento do Ipswich Town naquela temporada foi originada na derrota pelo maior número de gols que uma equipe fora de casa pode sofrer na Premier League. O pesadelo dos Blues tem um nome e se chama Andy Cole, que marcou incríveis cinco tentos, sendo o primeiro a atingir tal marca. Com a companhia do entrosado sistema ofensivo impulsionados por McClair e Ince no meio, Giggs e Kanchielski pelos lados com o ataque comandado por Cole e Mark Hughes, que estes juntos fizeram sete gols que foram fundamentais para manter o esperançoso time na disputa pelo título. No fim, mesmo estacionado na segunda colocação devido o êxito do Blackburn, pode-se destacar a humilhação imposta pelo United como o segundo melhor momento daquela temporada.
Nottingham Forest 1 x 8 Manchester United (06 de fevereiro de 1999)
A magica temporada de 1998/1999 que determinou o amadurecimento e o auge da equipe de Ferguson resultara na conquista da tríplice coroa, sendo a junção dos principais títulos que um clube inglês pode conquistar: a FA Cup, Champions League e a Premier League. A poucos meses do time almejar os três títulos, a histórica em partida que ficou marcada por ser a maior goleada fora de casa foram graças ao maior trio de ataque que aquela década pode assistir: Yorke, Cole e Solskjaer.
A dupla dinâmica encaixada no clássico 4-4-2 de Ferguson destruíram a defesa do Forest aplicando dois gols cada. No entanto, mesmo com a vitoria garantida, a entrada de Solskjaer no lugar de Yorke aos 72 minutos foi um sinal de que cabia mais. O norueguês brilhou no City Ground arrematando 4 vezes para o fundo das redes nos 10 minutos finais de forma espetacular que ampliou o placar elásticos para 8 a 1
Tottenham Hotspur 3 x 5 Manchester United (16 de setembro de 2001)
O clima e a moral de se dirigir ao vestiário perdendo por três gols a zero deve ser o pior possível. Les Ferdinand, o primo de Rio Ferdinand, Dean Richards e Christian Ziege abriram a margem para uma possível goleada em casa se não contassem com a volta do intervalo que o péssimo ambiente e a amargura da derrota se transformou em combustível para a equipe de Ferguson buscar o que até hoje é considerado impossível. Uma das viradas mais emblemáticas da Premier League aconteceu em 16 de setembro de 2001 pela sétima rodada, Cole, Laurent Blanc e Van Nistelrooy aproveitaram das jogadas aéreas para igualarem a partida em apenas 27 minutos. Quatro minutos depois, a ligação de Scholes para Solskjaer entregou de bandeja para o argentino Sebastian Veron invadir a grande área e mandar de cruzado para deixar o United a frente do marcador. Aos 87 minutos, novamente Solskjaer serviu de assistência superando o adversário numa bela jogada deixando o capitão Beckham livre para finalizar no canto oposto de Sullivan.
Manchester United 4 x 3 Manchester City (20 de setembro de 2009)
Eleito como o melhor derby de Manchester por Ferguson, a eletrizante virada sobre o Manchester City contou com erros defensivos imperdoáveis por parte de Rio Ferdinand e Ben Foster, contudo, a entrada de Michael Owen final do segundo tempo no lugar de Berbatov decretou a vitória do maior da cidade aos 6 minutos dos acréscimos.
No clássico de numero 153, Wayne Rooney abriu o marcador aos 2 minutos. Mas não demorou muito para Tévez aproveitar a bobeada de Foster e servir para Barry igualar o placar. Ainda sim, os dois gols de cabeça por Darren Fletcher não haviam sido suficiente para colocar os anfitrioes na frente, pois do outro lado o galês Craig Bellamy foi a grande pedra no sapato no sistema defensivo do United, que precisou acionar Ryan Giggs, com um belo passe enfiado para Owen, mostrar frieza e categoria para se transformar no herói daquela tarde em pleno Teatro dos Sonhos lotado.
Manchester United 8 x 2 Arsenal (28 de agosto de 2011)
O brasileiro nunca esquecerá do 7 a 1 assim como o torcedor do United nunca esquecerá o 8 a 2 aplicado no Arsenal em 2011. Goleada é pouco para definir o que aconteceu na tarde de 28 de agosto de 2011, que assim como descreveu o narrador da MUTV, foi uma das coisas mais extraordinárias que os pupilos de Ferguson realizaram em Old Trafford.
O hat-trick de Wayne Rooney (que atingiu a marca de 150 gols na Premier League) com direito a dois fantásticos gols de faltas, outros dois magníficos de Ashley Young no ângulo de Szczęsny, enquanto Danny Welbeck, Ji-Sung Park e Luís Nani com a ginga portuguesa para cima do goleiro fecharam o caixão da equipe de Arsene Wenger da forma mais impiedosa. Doze anos depois do massacre no Nottingham Forest, o Manchester United ascendeu diante de um dos maiores rivais nacional, que pode não ter se concretizado em título ao fim da campanha, mas deixou um legado inesquecível para a história do futebol inglês.
Manchester United 3 x 1 Hull City (06 de maio de 2014)
A frustrada temporada 2013/2014 do então time que acabava de sagrar-se campeão e sentia-se órfão da presença de Alex Ferguson foi iminente pelo comportamento da equipe no comando de David Moyes, quando esperava-se mais do escocês que não conseguiu classificar o United para a UEFA Champions League. Além disso, esta temporada ficou marcada pela despedida de outro eterno ídolo: Ryan Giggs. Como treinador interino, o galês realizou sua 963º partida na última rodada do campeonato contra o Hull City. A vitória por 3 a 1 com dois gols do jovem James Wilson e Van Persie serviu de tapete vermelho para a entrada do veterano em campo no final do segundo tempo e cobrar uma falta perigosa que exigiu do goleiro Jakupović.
Curiosidades:
– O United foi a equipe que menos levou gols em casa, com apenas quatro concedidos na temporada 1994/1995.
– O United detém a maior vitória por número de gols em casa quando bateu o Ipswich Town por 9 a 0, com direito a cinco de Andy Cole em 04 de março de 1995.
– Ao mesmo tempo que possui a maior vitória fora de casa quando goleou o Nottingham Forest por 8 a 1, com incríveis quatro remates de Solskjaer nos últimos 10 minutos de jogo, em 06 de fevereiro de 1999.
– No dia 19 de maio de 2013, o memorável jogo de despedida de Sir Alex Ferguson como treinador foi marcado pelo empate no placar de 5 a 5 contra o West Bromwich, que até hoje detém o recorde de maior empate da história.
– O Teatro dos Sonhos protagonizou a maior média de espectadores numa temporada, com 75,821 mil na temporada 2006/2007.
– Ao lado do Chelsea em 2005/2006 e Manchester City em 2011/2012, os Diabos registraram 18 vitórias em casa, maior marca numa temporada, feito este ocorrido na temporada 2010/2011.
No mês de junho deste ano foram realizadas pesquisas para a seleção dos melhores jogadores que já vestiram a camisa dos Red Devils entre os períodos de 1992 à 2018. Com a primeira fase da pesquisa que resultou na extensa lista de 48 grandes nomes, a fase de triagem foi possível com a participação dos leitores do site que puderam escolher seus favoritos via enquete no grupo do facebook.
Entre os jogadores eleitos, a grande maioria fez parte da geração vitoriosa da Champions League em 2007-2008, no qual a maioria dos torcedores brasileiros têm fortes memórias. Podem-se destacar como surpresa Paul Pogba, que desbancou nomes como Roy Keane, Nicky Butt, Michael Carrick, Paul Ince e Darren Fletcher, ganhou as graças dos torcedores sendo o que menos atuou e levantou títulos, enquanto Eric Cantona foi o único da década de 1990 que não atuou na década seguinte, considerado o mais velho do onze inicial.