Alguns anos atrás assistir uma partida do Manchester United era garantia de emoções, surpresas e bom futebol. São inúmeros os jogos em que torcedores juravam precisar de um cardiologista quando ouviam o apito final, por tudo que experenciaram durante os 90 minutos de bola rolando. Mais do que isso, todos sabiam que era obrigatório assistir o jogo até o final, pois um time de Sir Alex Ferguson sempre saberia como tirar não só um, mas vários coelhos da cartola.
Era o esperado e temido Fergie Time.
O próprio escocês, em sua autobiografia, admitiu que utilizava deste artifício mais como pressão psicológica sobre seus adversários do que como motivação para seus próprios jogadores. A clássica cena do dedo indicador em riste apontando para o relógio faria qualquer time entender que, a partir daquele momento, o United entraria em um beast mode buscando de todo modo vencer a partida.
Desde a saída do lendário técnico perdeu-se tal tradição. O Fergie Time ainda “existe”, mas não causa o mesmo impacto nos times. O jogo contra o Sheffield United representou isto de maneira clara. O gol de pênalti aos 92 minutos não surgiu de um ataque esmagador por parte do Manchester, mas sim por um erro do zagueiro adversário, que foi infantil ao dar tal carrinho em Depay.
“Mas na época do Ferguson o United também jogava mal algumas vezes e precisava de muita sorte nos minutos finais para vencer”. Com certeza estes momentos também existiram. No entanto, existia uma certeza de que o escocês entraria muito irritado no vestiário, faria mais um de seus discursos hairdryer e, no próximo final de semana, veríamos o time voar em campo.
O mesmo não aconteceu com David Moyes, e nem acontece com Louis van Gaal.
A bronca pode existir, mas não é nem de longe da mesma eficácia. Não existe nenhuma garantia (e esperança) de que os jogadores retornarão a campo com uma atitude diferente na próxima rodada. De fato, todos esperam ver mais uma atuação fraca, com poucas finalizações e muito sufoco.
Não é certo esperar outro técnico que tenha as mesmas atitudes que SAF, mas não é um crime pedir por alguém que realmente promova alterações no time, táticas e mentais, buscando melhores resultados após jogos pífios. E Louis van Gaal não tem se mostrado assim.