Após o êxtase da lua de mel, o casamento entre Manchester United e Ole Solskjaer vem enfrentando as primeiras crises. O romance arrebatador vivido outrora nas núpcias deu um espaço para um ambiente de dúvidas e porque não de leves tons de arrependimento? Já diria Paulo Coelho: “o maior de todos os pecados: o arrependimento”[1].
Contudo, guardadas as devidas ressalvas, o Manchester United não sofre por falta de paixão mas de talento e organização. Em campo temos um dos piores escretes de todos os tempos. Fora das quatro linhas, tem-se DISPARADAMENTE a pior administração de futebol da história. O jovem treinador, meio lunático e sonhador, caiu na falácia de que a paixão teria fogo o suficiente para fazer incendiar o inferno chamado Old Trafford.
“O amor é como uma grande casa que tem que ser construída por você. Ele pode sofrer com as tempestades, entretanto continuara ali”[2]. No entanto, esse ideal de amor perfeito só existe na esfera das ficções românticas, na realidade, todo homem passional é uma faca de dois gumes. Se feliz, voa alto e realiza o impossível. Se amargo, é apático e despedaçado. “Todos os amantes, de qualquer sexo, ficam alertados que o amor, além de ser uma benção, é algo também extremamente perigoso, imprevisível, capaz de acarretar danos sérios”[3].
Essa intensidade toda levou o United ao ápice da alegria nos primeiros meses do Ole. Contudo, no presente momento, essa mesma intensidade também tem nos feito beirar o precipício. Nem só de paixão se vive um clube, necessário vos é ter plena consciência de que o futebol exige organização, treinamento e inteligência. Não bastam as doses diárias de paixão, inteligência e organização dão fundamentais ao sucesso.
Nós estamos presos a uma falsa percepção de que o modelo Ferguson é o único que funciona e acabamos por criar a ilusão de que Ole Solskjaer, por ser pupilo e se inspirar no escocês, traria de volta os brilhos da época áurea de Manchester United, todavia “nossas lembranças são curiosas. Às vezes são fiéis, mas outras vezes se transformam no que a gente quer que sejam”[4], então é necessário cuidado e prudência, pois infelizmente, o nosso líder está bem longe de ser um Sir Alex e a estrutura de futebol que ele dispõe, especialmente a direção de futebol está infinitamente abaixo das que o lendário treinador dispunha.
Cabe a nós, portanto, a paciência e a fé. É importante acreditar no amor, pois a única coisa que infelizmente esse clube dispõe é isso: paixão. “O amor é um ato de fé”[5] e nós como amantes desse clube, devemos guardar a fé e a esperança até o fim. Mesmo que o cenário não seja o mais motivador.
[1] COELHO, Paulo. Frases e citações.
[2] SPARKS, Nicholas. Querido John.
[3] COELHO, Paulo. O livro dos manuais.
[4] SPARKS, Nicholas. O melhor de mim.
[5] SPARKS, Nicholas. Um amor pra recordar.