Nem só de glórias se vive o homem e após um longínquo ciclo de alegrias, o âmago deu as caras. No entanto, nem sempre a ausência de vitória é indício de fracasso, pois é em meio ao insucesso que nos permitimos a experiência da reflexão crítica – e esse é o ponto.
A série de vitórias consecutivas criou uma falsa percepção de que atingimos a perfeição, contudo, em todo caminho de flores há espinhos e eu diria que ser ferido é essencial para se adquirir anticorpos. [1] No futebol, constantemente seremos envenenados por adversários perigosos, é necessário portanto desenvolver os melhores antídotos. Vejo na derrota uma importante oportunidade de evolução.
O time dos sonhos deu espaço para um time afobado, não obstante aguerrido. Velhos problemas deram as caras, tais como as fragilidades defensivas habituais e os cruzamentos desnecessários e desesperados. Parecia até um campanha para o retorno do Fellaini ao time titular (sic).
Nessa noite, Solksjaer provou um pouco do que é estar em situação adversa, de estar atrás do placar, mas aí lembramos da mística desta camisa, e o nome de Ole Gunnar Solksjaer bradou a plenos pulmões: Fergie Time [2]
Para ser Manchester, precisa ser intrépido sem soberba, onipotente sem desprezo, leal sem perder o espírito demoníaco. Ser United é, sobretudo, ter fé na camisa e jamais desistir. Hoje, não vencemos, mas ganhamos muito. O auto conhecimento e a bravura do time são troféus preciosos para o futuro.
O espírito mancuniano vive! Renasceremos ainda mais fortes, sendo humildes em reconhecer nossos erros, eficientes para corrigi-los e confiantes de que enquanto houver tempo, sempre haverá esperança. O Manchester é por excelência o time do impossível! Solksjaer representa melhor do que ninguém essa mística de realizar o impossível no apagar das luzes, porque falando de Manchester United, o jogo só acaba quando termina.