Por Bruno Coelho.
Já li várias reclamações a respeito do “Pequeno Mago”, apelido que recebeu quando chegou ao Chelsea, contratado por José Mourinho, vindo do Valência, em 2014. Nos últimos anos – alguns destes os mais obscuros da história do United – ele foi alvo de todo tipo de insulto vindo dos torcedores mais jovens e menos pacientes.
Nesta época em que vivemos, não é de se estranhar. Todos querem tudo para agora, se possível para ontem. Ninguém quer esperar pelo que virá, ninguém quer mais sonhar, somente ver acontecer.
Bom, desabafos de um colunista de meia-idade (eu) à parte, o que hoje se vê em Carrington é que nem o mais odioso detrator de Juan Mata conseguirá arrancar as raízes que o espanhol espalhou em Manchester. Além de ter criado fortes laços com Bruno Fernandes desde a chegada do português, Mata ganhou um papel de relevância imensa: o de mentor dos jogadores da base do United.Este papel já é realizado por Carrick com jogadores do time principal. Poucos sabem, mas todos os jogadores de meio-campo tem horários reservados para treinos especificamente desenhados para eles com o nosso antigo camisa 16. Se notamos uma melhora imensa no trabalho de Fred e, mais recentemente, de Nemanja Matic (que se tornou até mais ofensivo), isto se deve ao trabalho desenvolvido por Carrick.

Diversos jogadores já elogiaram o “coaching” de Carrick, incluindo Pogba. (Imagem: Pinterest)
Em uma entrevista ao site “The People’s Person”, um dos mais importantes a cobrir o United na Inglaterra, Fred admite que foi difícil adaptar-se ao jogo inglês dada a sua velocidade e fisicalidade. “Meus treinos com Carrick me ensinaram a não ficar parado, a pensar rápido e para distribuir a bola com maior velocidade. Antes, se eu a segurasse por três segundos, era logo atropelado por alguém “, confessa o diminuto brasileiro que hoje mantém uma das mais impressionantes marcas defensivas na Europa. Isso sem deixar de apoiar o ataque, tendo recentemente marcado gols e dado assistências. E uma destas brilhantes assistências foi a quem?
A Juan Mata!
E, se é sobre o espanhol que eu me propus a escrever, deixem-me prosseguir: Mata está para o “Youth Team” da mesma forma que Carrick está para o “First Team”. Além de cumprir com suas obrigações como jogador do elenco principal, Mata tem assistido aos jogos do time jovem do United e, em algumas ocasiões, tem conversado individualmente com jogadores, aconselhando-os e mostrando a eles como devem melhorar seu posicionamento e a distribuição de jogadas.
Recentemente esteve sob o escrutínio de muitos comentaristas o pobre poder se decisão de alguns meio-campistas Red Devils. E foi assim que Ole Gunnar Solskjaer (OGS) resolveu o imbróglio: deu também a Mata (Carrick já vinha trabalhando nisto, mas recebeu carta branca total) a tarefa de passar seu conhecimento a quem lhe conviesse, como lhe conviesse, se achasse necessário. OGS mostra, assim, que tenta emular os passos de Sir Alex Ferguson em tudo: inclusive na valorização cada vez maior do talento desenvolvido em casa.

Mesmo já tendo aguentado o banco por inúmeras partidas, o espanhol nunca ameaçou uma reclamação. (Imagem: Nigeria Summary)
Nas palavras do próprio Mata, “Eu jogo profissionalmente há 12 anos, muitos destes passados na Inglaterra e em dois de seus maiores times. Isto me dá bastante experiencia. Acho que OGS vê isto e meu novo papel é resultado do valor que ele dá a esta experiência. Não só em campo, mas fora dele, passo aos mais jovens o que posso: como lidar com situações difíceis, sob pressão ou com poucas opções a escolher. Especialmente com Bruno (Fernandes) e Odion (Ighalo) que chegaram agora; e com os mais jovens: Chong, Brendon, Angel (Gomes), James (Garner)… Mas, para ser sincero, estou cada vez mais próximo dos jogadores do Youth System.”
É… se depender da fé que OGS apresenta no “Little Magician”, Mata só deixará Carrington bem velho. Quem sabe, até se tornando um grande e vitorioso técnico no Manchester United.