Por Melissa Gargalis
17/05/2015
Em minha coluna anterior fiz duras críticas ao estilo de jogo imposto por van Gaal. Parece que alguém lá em Manchester leu e passou algumas dicas para o treinador holandês, que de fato levou o time a uma ótima sequência, resultando em sua ascensão rumo à parte de cima da tabela.
Quatro vitórias consecutivas (contra Tottenham, Liverpool, Aston Villa e Manchester City), que deram fôlego e confiança, mas que principalmente mostrou que o time tem potencial para jogar e vencer BEM. Esses resultados muito têm a ver com a entrada de Juan Mata pelo setor e criativo, do recuo de Marouane Fellanini, ajudando na composição de todos os setores e, principalmente, de Michael Carrick, que funciona como o ponto de equilíbrio do time.
Mas então, veio depois a derrota por 1 a 0 para o Chelsea. Não trata-se de nenhum absurdo perder para o mais novo campeão inglês. Mas neste jogo ficou muito claro que o United tem um grande problema: a posse de bola burra.
O controle de jogo a partir da posse de bola tende a favorecer o time que mais fica com a bola nos pés. Mas isso é apenas uma tendência mentirosa, uma vez que sabemos que o futebol é capaz de nos apresentar coisas improváveis e principalmente que quem não faz toma. Essa é a lei do futebol, sendo ela justa ou não.
Como análise da maioria dos jogos do United nesta temporada, sob o comando de LVG, a posse de bola teve predominância. Nenhum problema até ai. A grande questão é que essa posse de bola não foi efetiva e nem chegou a ser tão temerosa aos adversários. Por isso, o “toca-toca-toca que eu devolvo” e não saímos do mesmo lugar é tão perturbador e ineficiente. A engrenagem do nosso “carrossel holandês” ou vermelho, neste caso, está quebrada. Por conta disso, de tantos toques sem objetivo final é que nos tornamos previsíveis.
O Chelsea, por exemplo, soube ler exatamente o que tínhamos como proposta de jogo. Dominamos toda a partida em pleno Stamford Bridge (70% de posse de bola), ganhamos todas as estatísticas do jogo (escanteios, finalizações, passes, cruzamentos), mas não lideramos o principal: o placar. Contra o Everton, também fomos punidos pela mesma “metodologia”. Estamos presos à rotatividade do carrossel, que depois do meio de campo, não consegue enxergar os espaços vazios que se abrem na defesa adversária.
Na partida, contra o WestBrom, foi a mesma história. No primeiro tempo, antes de tomarmos o gol e encontrar um “ônibus” estacionado, como se diz na Inglaterra, tínhamos muitos espaços vazios. E não enxergamos porque parece que existe uma lei imposta por lá de que não se deve fazer infiltrações e chegar ao gol, chutando da pequena área. Fora dela, torna-se impossível arriscar porque encontramos duas, às vezes, três linhas defensivas (exagerando um pouco) muito compactadas e que bloqueiam qualquer tentativa que venha dos nossos jogadores.
Qualquer um que entende minimamente de futebol sabe que assim que se faz um toque, o jogador deve sair da posição inicial e apresentar-se como opção mais à frente para receber a bola de volta. Jogadas não se resumem a cruzamentos altos.
Entendo que LVG queira aproveitar a altura, força física e precisão de van Persie e Fellanini nos cruzamentos, mas incrível que em todo escanteio a bola vai baixa, na primeira trave, ou pior ainda nas mãos do goleiro. (Fellaini tem 5 gols na Premier League e apenas 2 foram de cabeça).
Sobre os “reforços” que chegaram, tivemos grandes decepções. Di Maria, apesar de ser o líder de assistências (10), está no banco para o Young. Não apenas pela falta de adaptação, ritmo, entrosamento, mas principalmente pelas más atuações (o argentino parece confuso dentro de campo, errando muitos passes). E por incrível que pareça, Young vem atuando muito bem.
Da mesma forma, Radamel Falcao também decepcionou e, neste caso, tudo se explica pela quantidade de gols feitos até aqui: 4 apenas (Mesmo número de gols marcados que o Smalling na Premier League).
Neste jogo já citado contra o WestBrom, LVG optou por recuar Robin van Persie e deixar em sua função Fellaini. Como pode? Van Persie pode estar voltando de lesão, mas é indiscutivelmente o dono da área. O holandês construiu sua brilhante carreira por ser matador, impiedoso e preciso nas finalizações. Apenas uma das invenções questionáveis.
A alteração de Rojo na partida de hoje, contra o Arsenal foi outra maluquice desnecessária. Tomamos o empate num jogo de extrema importância para tentar a classificação direta na próxima UEFA Champions League. Maluquices à parte, esse é o estilo de van Gaal e não adianta reclamar. Será sempre assim, dias de gênio e dias de louco.
Isso tudo observado até aqui é apenas para relembrar que devemos fazer uma “velha revolução”. Estamos no finalzinho de temporada, agora é a hora de absorver tudo o que deu certo e repensar sobre o que não deu. Acho que começamos errado, renovando o contrato com Smalling até 2019, que inclusive ganhou moral com van Gaal e foi capitão no jogo contra o Arsenal. De Gea, ao que tudo indica, está próximo de voltar à Espanha. Será sofrível demais e já está chato e repetitivo, mas em meio a tantos defensores (limitados e que não garantem sequência de jogos – estão sempre se lesionando e deixando o time na mão) temos que trazer um grande jogador para dar segurança na defesa.
Além disso, temos que pensar num substituto imediato para Carrick, que quando não joga o time tem uma queda de rendimento absurda e sem ele o “carrossel” não funciona. Não podemos ter a mesma mentalidade, de que ele será eterno, como tivemos com Paul Scholes.
Essa é a revolução que estamos esperando há tempos. Trazer Depay, acho que foi uma boa, mas temos outras prioridades e que são urgentes. A velha revolução que precisa ser feita e que garantirá o futuro do United, se quisermos manter nossa tradição, não apenas em nível nacional, mas também, internacional.
Estudante de jornalismo e colunista do ManUtd BR. Desde que me conheço por gente vivo e respiro futebol. Fã incondicional do Manchester United. Motivo? História, respeito, raça, tragédia, vitória, título e acima de tudo símbolo! Quantos aos outros? Nunca serão!
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