Por Melissa Gargalis
09/05/2016
A Premier League, enfim, conheceu o seu mais novo campeão. Ao contrário das temporadas passadas, quando os títulos se concentraram com as equipes do Manchester United, Chelsea e Manchester City, desta vez, no cenário do ‘riquíssimo futebol negócio’ foi o modesto Leicester que levantou o troféu mais cobiçado da Inglaterra.
Brigando por fora durante quase toda a temporada, o United ainda se encontra em uma situação de risco. Se levarmos em consideração o conto heroico que os homens de Cláudio Ranieri conseguiram escrever, podemos sonhar com a classificação para a próxima UEFA Champions League. No entanto, tão improvável quanto o Leicester levar a Premier League, seria a equipe de Louis van Gaal conseguir a vaga na maior competição da Europa, com apenas uma rodada para o fim do Campeonato Inglês e, no caso do United, duas, por conta de um jogo atrasado contra o West Ham, pela 35ª rodada.
Fazendo um breve balanço de mais uma temporada de van Gaal à frente da equipe red devil, tivemos altos e baixos. Mais baixos do que altos, é verdade. Os momentos ruins foram muitos, mas não vieram apenas com derrotas ou empates considerados inaceitáveis, mas também com o desempenho desastroso e sem reação do time dentro de campo. Acúmulos de insatisfações que levaram a paciente torcida do Manchester United reivindicar a saída de LvG por diversas vezes.
Em certo momento, o holandês titubeou e os boatos com a chegada de José Mourinho, com certeza, o fizeram estremecer. O chacoalhão e o bombardeio da imprensa e dos torcedores, já na sobrevida, no “Fergie Time”, e com a corda no pescoço de LvG, parecem ter rendido ao time um espírito rejuvenescido.
Aliás, a juventude é o que vem salvando o treinador holandês. Rashford e Martial são a cara desse ‘novo’ Manchester United. Gols importantes, vibração e emoção. O que foi aquela cena do gol do francês contra o Everton, pela semifinal da Copa da Inglaterra? No rigoroso e habitual frio inglês, a comemoração com os jogadores nos braços da torcida trouxe a esperança de voltarmos a ver o Manchester United campeão.
Os feitos e a sensação despertadas pelos garotos são sensacionais, mas não devem nos cegar. Pela terceira temporada seguida, o clube foi incompetente. Problemas e “tampa-buracos” acontecem desde o ‘management’ Ferguson, mas o escocês tinha escudo e armas para fazer o que bem entendia. Dava certo. Agora, com Fergie acompanhando apenas das arquibancadas de Old Trafford, temos que saber lidar, assumir e consertar os erros antes que seja tarde demais.
Mas há quem pense diferente. É o caso de Roy Keane, eterno ídolo do clube. Para ele, se o United vencer a FA Cup, LvG deverá ter mais uma chance para cumprir seu contrato com o Manchester United.
“Eu acho que se eles (o Manchester United) ganhar a FA Cup, então, talvez, isso dê um fôlego para que ele (Louis van Gaal) termine seu trabalho no ano que vem […] Eu acho que Van Gaal deixou claro que quer ficar até o término de seu contrato. Eu espero que ele consiga”, afirmou o ex-jogador do United, à ESPN inglesa.
Com o Campeonato Inglês provando que é o mais espetacular de todos, após o feito do Leicester, o Manchester United precisa mudar. Nesta temporada, não tivemos méritos para nos orgulharmos. Se LvG deu chance aos garotos da base, não foi genialidade, foi necessidade. Se o United vencer a Copa da Inglaterra, não será totalmente por merecimento, será também pela fragilidade dos adversário menos expressivos que jogamos contra nesta competição. Se conseguirmos classificar para a próxima Champions, será pura sorte e incompetência dos rivais que estão na briga pela vaga.
De tudo, a única coisa que podemos tirar como positiva é a lição que o Manchester United não cansa de mostrar ao mundo. Em sua base, em seus meninos, o velho campeão sempre rejuvenesce. O primeiro passo já foi dado, ressuscitamos a alma e o espírito do clube, agora basta acertar a direção dos próximos passos.
Estudante de jornalismo e colunista do ManUtd BR. Desde que me conheço por gente vivo e respiro futebol. Fã incondicional do Manchester United. Motivo? História, respeito, raça, tragédia, vitória, título e acima de tudo símbolo! Quantos aos outros? Nunca serão!
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