Por Melissa Gargalis
13/10/2014
Nesta última semana houve o alarme sobre a possibilidade do Manchester United ser um dos próximos clubes na mira do Fair Play Financeiro imposto pela UEFA.
Mas afinal, o que seria o chamado FFP (Financial Fair Play)?
Traduzindo ao pé da letra a sigla FFP faz referencia ao jogo limpo financeiro e nada mais é que um conjunto de regras e normas adotadas pela UEFA, organização administrativa que controla e organiza o futebol europeu, para que possa existir uma fiscalização sobre as receitas e despesas dos clubes de futebol.
Na realidade, essa parte do controle financeiro é chamado de Break Even (superficialmente, em economia é o ponto de equilíbrio na qual uma empresa não tem lucro nem prejuízo).
Assim como outras normas, que visam garantir que os clubes estejam em dia com os pagamentos de impostos, taxas de transferências e salários dos jogadores, por exemplo, o Break Even é uma das várias exigências da FFP e se torna a maior preocupação dos clubes da Premier League, uma vez que para a autorização e consequente participação tanto na Liga Europa quanto na Liga dos Campeões é necessário que os times tenham cumprido com as regras financeiras impostas pela entidade.
Além disso, a UEFA está estudando a possibilidade de “punir” os clubes que estão endividados. E ai é que entra o Manchester United.
Desde que a família Glazer adquiriu por completo o clube em 2005, o United acumulou uma dívida de nada menos que 350 milhões de libras. Ou seja, apesar de os red devil serem donos de umas das marcas mais lucrativas e rentáveis do mundo, ainda sim, temos um saldo negativo de mais de trezentos milhões de libras.
Apesar da dívida, o United recentemente superou todas as suas outras janelas de transferências ao gastar 122 milhões de libras na compra de cinco jogadores. Em um deles, inclusive, foi gasto valor recorde de transferência já feito na Inglaterra.
Compreendo que esse investimento absurdo foi extremamente necessário, visto que o desempenho do time na última temporada exigia uma reformulação imediata para evitar futuras e maiores frustações. No entanto, é inadmissível que um clube como o Manchester United que na sua história levantou todos tipos de troféus possíveis e quando não, esteve ao menos entre as posições de maiores destaques no cenário inglês e também no internacional, tenha acumulado uma divida estrondosa como essa.
Segundo o último relatório divulgado pela Deloitte, o United é o quarto clube com maior receita do mundo, apenas atrás do Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique. Na Inglaterra, mesmo com os clubes que estão crescendo e se endinheirando a cada dia o United permanece na liderança.
O total em euros que o Manchester acumulou em 2012/2013 foi de 423,8 milhões, sendo que 127,3 milhões de euros foram obtidos em público nos estádios nos dias de jogos, 118,6 milhões de euros por transmissões e 177,9 milhões de euros com propagandas e vendas.
Só para entender um pouco mais da grandeza do United, o clube fechou contrato de patrocínio com a Adidas para a próxima temporada e estima-se que nessa brincadeira a parceria renderá algo em torno de 750 milhões de libras.
Sendo assim, independentemente da preocupação da UEFA em incluir medidas que sancionem clubes que possuam dívidas, para estimular uma “finança saudável dos clubes”, o Manchester United com tudo aquilo que é capaz de movimentar em termos financeiros tem por obrigação estar em dia com as suas dívidas, ou pelo menos reduzi-las drasticamente.
O grande erro é administrativo. Não se pode passar tantas temporadas sem ir ao mercado. É claro que devemos prezar pelas tradições e manter o bom investimento que é feito nas categorias de base, mas nem sempre teremos uma geração talentosa como foi a de 92.
Além disso, um melhor cuidado em observar as necessidades do time antes que as coisas tomem uma proporção desesperadora é essencial. O United precisa estar atento às normas financeiras da UEFA, que agora além das exigências pelo Break Even, pode interferir pelas dívidas que o clube acumulou.
E para finalizar, fazer com que todo o dinheiro arrecadado mencionado aqui nesta coluna segundo o relatório da Deloitte, volte exclusivamente para as questões do clube, MANCHESTER UNITED.
Estudante de jornalismo e colunista do ManUtd BR. Desde que me conheço por gente vivo e respiro futebol. Fã incondicional do Manchester United. Motivo? História, respeito, raça, tragédia, vitória, título e acima de tudo símbolo! Quantos aos outros? Nunca serão!
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