Por Melissa Gargalis
29/10/2013
Depois de uma série inicial de jogos pela Premier League sob o comando de um novo treinador, a situação do Manchester United continua complicada. Por isso, vou listar alguns pontos positivos e outros negativos que o time apresentou até o atual momento no campeonato inglês e explicar o quão absurdo seria pedir por um “Fora, Moyes”.
Visivelmente, podemos ter como pontos positivos em primeiro plano a precisão de Wayne Rooney, que apesar das duras palavras em querer deixar a equipe até pouco tempo atrás vem honrando a camisa do clube. Nani, apesar de ainda ser irregular neste início de temporada vem se apresentando bem melhor em relação ao ano anterior. Carrick é indiscutível no meio de campo. Januzaj, ainda é jovem, mas já mostrou que não foge da responsabilidade e promete muito com a camisa vermelha. Evra também merece destaque, está fazendo boas partidas e apoiando de forma decisiva no campo ofensivo.
Quanto aos pontos negativos a questão está na defesa e meio de campo. A zaga precisa ficar mais atenta, ao todo tomamos 12 gols em 9 jogos da PL. Além das falhas coletivas na defesa, os fatores mais preocupantes talvez sejam as falhas individuais, como por exemplo o caso do capitão Vidic que já errou duas vezes e acabou comprometendo diretamente no resultado final. Fora os problemas defensivos, o maior desafio está no meio campo e sua já conhecida falta de criação. Com Ashely Young percebemos que não dá. O Manchester precisa criar jogadas, fazer com que a posse de bola tenha objetividade. Não pode simplesmente depender de um ou de outro jogador para carregar o time e marcar os gols. A equipe, o conjunto, precisa voltar a atuar com dinâmica, precisão, solidez e consequentemente sucesso.
Sendo assim, o que não é novidade nenhuma, o United não está bem. Não preciso explicar muito. Os números explicam por si só. Mas chamo atenção para correção de algumas coisas que podem melhorar o desempenho do time. Antes disso, lembro que estamos numa fase de transição, o que requer muita paciência e compreensão. Não digo que não devemos cobrar, claro que sim, sempre queremos o melhor para o time do nosso coração. Mas no atual contexto, devemos ter cautela com o que dizemos.
Não acredito que seja justo pedir a cabeça de David Moyes. Colocá-lo em xeque-mate não é a solução. Vale lembrar que na Inglaterra o trabalho a longo prazo é valorizado e, neste caso é bem diferente do Brasil, que costuma ter várias trocas no comando quando os clubes passam por um momento difícil. Portanto, Moyes fica no United, independente dos resultados. Pessoalmente, acredito que apesar de o novo treinador dar continuidade ao trabalho de Sir Alex Ferguson e apresentar muitas semelhanças , David Moyes dificilmente repetirá a tão vitoriosa trajetória de seu antecessor. Moyes está fazendo o que pode. Analiso apenas que ele poderia pensar melhor em como utilizar Shinji kagawa, que está encostado no banco e pelo visto não agrada muito o treinador. O meio já é oficialmente de Wayne Rooney e Kagawa tem que se esforçar para atuar bem como winger e ajudar principalmente no setor criativo. Podemos ter uma boa dinâmica caso o japonês consega se adaptar ao esquema tático.
Se as coisas permanecerem como estão, a vida vai ficar ainda mais difícil e teremos que contar com os talentos individuais. Van Persie e Wayne Rooney terão de assumir a responsabilidade e David Moyes, numa tentativa de inovar ou até mesmo de buscar uma outra solução deve ousar com a entrada de jovens jogadores que podem se tornar num futuro próximo grandes nomes do futebol. Refiro-me a Januzaj e Zaha. É uma nova geração e proponho uma discussão: devemos realmente manter a tradição e o estilo de jogo de Sir Alex Ferguson ou devemos buscar uma nova maneira de jogar, mas desta vez misturando os velhos e experientes garotos da era Fergie com os novos e promissores garotos da era Moyes?
E, talvez, mudar o esquema tático não seja tão ruim assim. O importante é saber trabalhar com as “peças” que temos disponíveis no momento. A tal da “evertonização” do United parece ser uma realidade, mas já que clamar por um futebol vistoso é algo muito pretencioso para o atual momento, o ideal é que esse novo estilo de Manchester funcione de verdade a partir daquilo que se tem no elenco. Não adianta nada lamentar por aquilo que queríamos ter. Somente com a sequência de um trabalho e com o tempo será possível voltar a ter estabilidade no campeonato. Sejamos realistas, pelo menos por enquanto. E quem sabe, depois de toda essa pressão e turbulência em que vemos rondar Old Trafford, podemos voltar a sonhar com um Manchester United vencedor, o seu real posto.
Estudante de jornalismo e colunista do ManUtd BR. Desde que me conheço por gente vivo e respiro futebol. Fã incondicional do Manchester United. Motivo? História, respeito, raça, tragédia, vitória, título e acima de tudo símbolo! Quantos aos outros? Nunca serão!
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