Por Melissa Gargalis
09/02/2015
Nos arredores da Sir Matt Busby Way Street o tempo frio que dá as caras e castiga a Europa durante o rigoroso inverno se torna ainda mais cruel quando as luzes se apagam e o vazio do estádio se sucumbe numa torturante angústia que intriga os torcedores red devils.
O eco do silêncio após o apito final grita em nossas cabeças e a questão – o que está errado? – se repete a cada rodada.
O torcedor mais otimista diria que estamos vencendo e se o campeonato acabasse hoje estaríamos de volta para a mais importante de todas as competições europeias. No entanto, meu amigo, o desempenho dos jogadores que temos visto dentro de campo e da própria comissão técnica não nos convence de que estamos fazendo o nosso melhor.
Na chegada do renomado, experiente e excepcional treinador, Louis van Gaal, o United mostrou-se disposto a voltar ao topo do futebol mundial. Mas é claro que toda reconstrução leva tempo, ainda mais, quando muitas peças se vão e outras tantas chegam.
Até ai tudo certo. E mais certo ainda foi a impressionante marca de LVG em conseguir levar o Manchester United ao G4, mesmo tendo visto seu elenco se reduzindo a cada rodada com os absurdos números de lesões que seus jogadores vinham sofrendo. A bruxa estava nos perseguindo e mesmo assim, LVG fez milagre.
O grande problema então surge quando já com um tempo respeitável de trabalho, o time se mostra completamente perdido dentro de campo. Desculpem-me pela sinceridade, mas se o United em 24 partidas pela Premier League, fez 5 jogos convincentes foi muito.
O que ameniza a sensação ruim é o desempenho em jogos grandes, como as boas vitórias contra o Liverpool e Arsenal e o empate com Chelsea, por exemplo. Mas, honestamente, contra os “pequenos” temos feito um péssimo papel. Não se julgar pelos resultados, mas, sim, pelas atuações.
Num time que se tem jogadores com uma enorme força e poder ofensivos como Wayne Rooney, Àngel di Maria, Radamel Falcao, Robin van Persie e Juan Mata, por exemplo, não se pode aceitar que a solução para chegar às redes adversárias seja através do desespero com as ligações diretas – famosos chutões – e chuveirinhos na área. Por sinal, essa era a tática que tanto reclamamos quando David Moyes assumiu o United na temporada passada.
Jogadas ensaiadas, tabelas, infiltrações, dribles, lançamentos, assistências e as finalizações precisas estão se tornando cada vez mais raras e, por isso digo que além dos questionamentos sobre as escolhas de van Gaal, o questionamento sobre as performances pobres de grandes jogadores também devem ser feitas.
Não podemos aliviar. O estudo sobre os adversários parece inexistente em alguns casos, a se tirar como exemplo o time ofensivo escalado por van Gaal contra o West Ham nesta última partida.
Um jogo difícil, fora de casa e com a necessidade de vitória para encostar no segundo colocado e rival Manchester City. A partida de hoje exigia um meio de campo mais encorpado e as bolas altas na grande área deveriam ser estratégia do clube londrino, que em qualidade individual, com certeza, está em desvantagem em comparação aos jogadores do United. Além disso, levantar do banco e dar uns gritos à beira do gramado pode fazer muita diferença na hora em que Falcao Garcia se dá ao luxo de perder gols, como vem fazendo com tanta frequência.
Espero realmente que aquele caderninho cheio de anotações do treinador holandês possa ter registrado um pouco daquilo que muitos torcedores estão descontentes em ver. Espero que David De Gea continue “mitando”. Que Daley Blind continue fazendo um ótimo trabalho em qualquer setor que seja escalado, mas que principalmente os outros consigam fazer muito mais do que temos assistido.
Na rua que abriga o Teatro dos Sonhos as vozes dos 75 mil em média, que ali se fazem presente todos os jogos, devem continuar ecoando em homenagem aos que se foram vestindo o manto vermelho no desastre aéreo de Munique, que completou 57 anos nesta última sexta-feira.
Ao redor do mundo e aqui no Brasil também fazemos nossa parte ao não nos esquecermos de que apesar de tudo somos um clube enorme. Ao treinador e aos jogadores, cabe o simples dever de honrar o escudo que carregam no peito e, então, será mais fácil de entender o que é o Manchester United.
Estudante de jornalismo e colunista do ManUtd BR. Desde que me conheço por gente vivo e respiro futebol. Fã incondicional do Manchester United. Motivo? História, respeito, raça, tragédia, vitória, título e acima de tudo símbolo! Quantos aos outros? Nunca serão!
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