Por Rodrigo Pedrosa
05/07/2019
Estávamos acostumados com a postura vencedora do Manchester nas décadas de 90 e 2000. Visitar um adversário do meio da tabela para baixo era certeza de goleada. Uma equipe top 10 também não trazia problemas, era vitória certa e mesmo com os rivais diretos, nós íamos para o jogo certos da classificação ou três pontos dependendo do campeonato e independente de onde a partida era realizada. Hoje temos jogadores renomados como Aléxis Sanchez, que retornará ao clube após a disputa da Copa América, competição essa que foi marcada pela falta de interesse, pouco público e preço exorbitante dos ingressos.
Hoje visitamos times sem nenhuma expressão e, às vezes, nos satisfazemos com um empate sofrido. O que houve com o clube?
Temos que voltar no tempo, para o início dos anos noventa onde Sir Alex Ferguson finalmente conseguiu atravessar uma época conturbada do clube que enfrentava oscilações e até risco de rebaixamento.
No início da Premier League tínhamos um time forte mentalmente, craques como Robson, Hughes, Cantona, Pallister e Ince, eram jogadores cascudos que aguentavam as pancadas e paralelo a isso Ferguson investiu pesado na base. O setor estava entregue às baratas quando ele chegou ao clube e ele fez questão de modificar e dar importância aos jovens que representam o futuro do clube, não só ingleses, mas também de outras regiões europeias, principalmentebritânicos naquela época.
Na mente dos jovens que foram jogados ao futebol profissional no início da Premier League foi feita uma lavagem cerebral, fazendo com que eles acreditassem que eram mais merecedores da vitória que qualquer outro jogador, por mais que o adversário até fosse melhor, eles eram do Manchester United.
A partir da classe de 92 todos os jogadores da base do clube tinham essa mentalidade dominante e todos os jogadores que chegavam eram contagiados pelo entusiasmo e confiança que havia dentro do grupo e por duas décadas conseguimos renovar esse instinto assassino que nos levava a vitórias contundentes como a goleada de 8×2 em cima do Arsenal. Se olharmos nossa escalação dava até arrepios antes da partida, viradas extraordinárias nos últimos minutos como a final da Champions League contra o Bayern Munich, além de muitas vitórias quando o jogo já estava dado como terminado, o nosso famoso Fergie Time!
Com a aposentadoria de Ferguson perdemos um percentual grande dessa confiança, pois não só externamente como também internamente a desconfiança tomou conta do ambiente, e a pá de cal foi a inabilidade de Moyes de conviver com um clube vencedor. Ele havia passado muito tempo no Everton e se acostumado com resultados que não convém a uma equipe como a de Old Trafford. Daí para frente cometemos erros atrás de erros que minaram a mentalidade vencedora dominante do clube.
Contratações que não vingaram, a vinda de Van Gaal, que chegou já preocupado em encerrar a carreira, dispensa dos últimos remanescentes da época vitoriosa e tantos outros problemas que acabaram por nivelar o Manchester com os outros grandes clubes da Inglaterra. Aquela vantagem que tínhamos basicamente acabou. Paralelo a isso os clubes de menor expressão desenvolveram e, com a ajuda da boa distribuição financeira da Premier League, equilibraram ocampeonato.
Hoje percebo que o clube tenta reencontrar o caminho das vitórias constantes, a contratação e manutenção de José Mourinho nos mostra isso, ele pode até não ser sinônimo de um futebol bemjogado, mas é incontestavelmente um vencedor. Será que o português vai nos levar de volta aos tempos áureos? Só o tempo vai nos mostrar, mas a realidade é que precisamos reaprender a vencer.
Pai de Alice e Carol, companheiro da Lu, atleta de handebol no Clube Português do Recife, membro do site Na Gaveta, apaixonado por esportes, colecionador, goleiro peladeiro, comentarista como todo brasileiro...
Apaixonado pelo Manchester, assim mesmo só Manchester, pois só existe um clube na cidade.
E a partir de agora colunista e membro do Manchester United Brasil, GGMU!
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