Por Bruno Coelho.
Indecisão. Incerteza. Insegurança. É difícil ser exato ou taxativo sobre o que virá a ocorrer com a Premier League (PL) neste resto de temporada 2019-20. Mas uma coisa é certa: a competição precisa terminar até o dia 30 de junho. Isto porque os contratos de vários profissionais que nela trabalham tem o dia 30 como data limite.
Hoje, o que se tem planejado é o retorno até o dia 30 abril. Muitos jornalistas vêem a data como impraticável, já que a pandemia continua a fazer vítimas a cada dia. Há várias alternativas e Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, veio a público nas últimas 24 horas para esclarecer os planos que a UEFA possui. Que, na verdade, nem são planos.
Retomar a temporada em 30 de abril, em maio ou em junho. São estes os planos. Não me pareceram muito brilhantes, afinal, retomar em novembro é que não iríamos. Haveria de ser nos meses seguintes, que ficam entre este mês (março) e o mês marcado para o início da próxima temporada (agosto). Ceferin ainda acredita que há a possibilidade de terminar a temporada na data na qual a próxima temporada seria iniciada.
Trocando em miúdos: param tudo agora. Em agosto, quando a PL voltaria para a temporada 2020/2021, seria adiada sabe-se lá para quando.
Como citei no início da notícia, junho tem o complicante de ser a data final de vários contratos. Para contextualizar isto, citarei o caso de Dean Henderson, goleiro sensação da Premier League nesta temporada, que pertence ao United, mas está no Sheffield United por empréstimo. Seu contrato com os Blades expira no dia 30 de junho. Se a temporada ultrapassar esta data, o Sheffield terá que encerra-la sem Henderson.

Ighalo será adquirido de forma definitiva? (Imagem: SABIUPDATES)
Para contextualizar um pouco mais, vejamos o caso de Odion Ighalo. Tendo chegado por empréstimo feito junto ao Shanghai Shenshua, Ighalo tem seu empréstimo curiosamente marcado para terminar no dia 30 de maio. Data na qual a temporada já teria sido encerrada, não fosse o COVID-19. Ighalo pode ter jogado seu último jogo pelo United quando entrou em campo nos momentos finais do derby contra o City em Old Trafford.
E, afinal, caso nada dê certo, como fica esta temporada? O Liverpool é campeão?
Por mais incrível que possa parecer, por mais que 25 pontos de distância do segundo colocado sejam um abismo, cresce o consenso de que a temporada deve ser declarada nula. Uma temporada nula não tem campeão. Porém, anular uma temporada causaria uma série interminável de problemas legais para a F.A. (Football Association, que rege a Premier League).
Citarei o Sheffield United mais uma vez, já que os Blades estão apenas dois pontos atrás do United e com um jogo a menos. Certamente haveria uma disputa para tentar arrancar uma vaga inédita para a Champions League nos tribunais.
Não terminar a temporada geraria caos, ódio e destruição na terra dos Hooligans. Este é um ponto que a mídia nacional brasileira parece não perceber, mas que fica subentendido nas entrevistas com fãs dos times mais afetados com a anulação da temporada. O histórico de violência do futebol inglês é também fator que pesa na decisão da FA.

Torcedores do Leeds foram presos na Austria em 2015 por conduta violenta. (Imagem: Independent)
Para se ter uma dimensão do problema, perceba: não só o Liverpool deixa de ser campeão, mas o Leeds United, que lidera a Championship (segundona do Inglês), também. Duas torcidas tradicionalíssimas do futebol inglês e mundial deixariam de ser campeãs. Torcidas que estão com esse grito entalado na garganta há décadas!
A F.A. entende o tamanho do problema, mas está de mãos atadas. Ela é obrigada a seguir as ordens e recomendações da UEFA e, mais ainda, do governo britânico.
A saída mais razoável seria terminar a temporada com portões fechados e esta é mais uma solução que atinge com violência alguns clubes. Times como Aston Villa, já mergulhados em dívidas, precisam da receita da venda de ingressos para poderem existir. Ter oito jogos sem torcedores, com todos os custos que a operação de um estádio implica, seria mais um tormento financeiro para os Villans.
Espero que FA, UEFA e FIFA cheguem à conclusão de que o show deve continuar. Espero que a pandemia receda e suma, mas, por algum tempo, só nos resta esperar. E torcer para as pessoas que vieram a falecer não comecem a sair das sepulturas e a andar por aí. Não estamos prontos para o apocalipse zumbi.