Texto de Gabriel Vasconcelos
O Manchester United vinha passando por uma reformulação do seu elenco. Liderados por Ole Gunnar Solksjær, o clube se desfez de muitos jogadores, como Young, Lukaku e Sanchez; e a entrada de outros, como Maguire, Wan-Bissaka e Bruno Fernandes.
Todas contratações (ou quase todas) foram feitas com o dedo de OGS, que tinha em mente jogadores para atuarem no seu esquema tático preferido. O treinador norueguês passou três temporadas construindo uma ideia, um elenco e uma mentalidade.
Neste período de construção, entre saídas e chegadas, foram gastos 476,4 milhões de euros e arrecadados 132 milhões de euros.
Ok, tendo a noção de que o clube gastou mais do que arrecadou, o time deve ser bem forte e ter conquistado alguns títulos, né? Errado! Durante esse período, o clube teve apenas algumas proezas, mas nenhum título. Os poucos destaques foram o vice-campeonato na Premier League e o vice-campeonato na UEFA Europa League, ambos na temporada 2020/21.
Mas como isso aconteceu? Como o time gastou tanto e mesmo assim não conseguiu ganhar nada. Há algum motivo? Sim! Dentre alguns motivos, um dos principais é a forma como o clube gastou um dinheiro alto para entregas baixas.
Três exemplos destes gastos inconsequentes foram feitos com as contratação de:
– Harry Maguire, que chegou do Leicester por 87 milhões de euros. Um jogador contratado para comandar a defesa, algo que ele não faz;
– Donny Van de Beek, contratado junto ao Ajax por 35 milhões de euros. O holandês mal conseguiu atuar em 50 jogos de duas temporadas;
– Aaron Wan-Bissaka, vindo do Crystal Palace por 55 milhões de euros. O lateral chegou a ter um grande impacto inicial na defesa, apesar de ser falho no ataque, mas agora é um jogador contestado.
Somando os três nomes, seus valores já batem 181 milhões de euros. Como forma de comparação, vamos pensar nas contratações de jogadores das mesmas posições por outros clubes europeus:
Ruben Dias contratado por 68 milhões de euros pelo Manchester City na temporada 2020/21;
Achraf Hakimi contratado por 43 milhões de euros pela Inter de Milão na temporada 2020/21;
Bruno Guimarães contratado por 20 milhões de euros pelo Lyon na temporada 2019/20.
Com estes três jogadores fora gastos 131 milhões de euros com nomes que trariam muita qualidade ao time. Claro que esse é um exercício de achismos e poderíamos ficar nestes exercício por horas a fio… mas não se faz futebol chorando e remoendo erros do passado, mas sim aprendendo com eles e não os repetindo de novo.
Certo, mas como podemos começar a acertar? Primeiramente elevando o patamar na área técnica do time.
COMANDANTE DO PROJETO
Tendo Ralf Rangnick como um um treinador interino que será coordenador técnico após o final da temporada, são vários os nomes que circulam para ser o novo comandante do Manchester United, mas nem todos mostram ser capazes para comandar um projeto.
Entre vários nomes, já se falou de Maurício Pochettino, Zinedine Zidane, Brendan Rodgers, Julian Naggelsman, Ernesto Valverde, Luis Henrique e Erik Ten Hag. Claro que tenho tenho minhas preferências, mas irei deixá-las para lá neste texto.
De acordo com as notícias mais recentes, hoje os nomes mais falados são os de Pochettino e Ten Hag, então vou me prender a falar dos dois mais a fundo.
Primeiramente temos Pochettino, um treinador que conhece a liga, chegou em uma final de Champions League e, se olharmos seus últimos trabalhos, enxergamos um esquema tático que pode se dar bem com o elenco atual do Manchester United.
Já Ten Hag vem de uma liga mais fraca, mas por lá mostra um trabalho de grande valor. Além disso, na Champions League mostra um grande trabalho para explorar o melhor de todos seus jogadores, mesmo vivendo uma eterna reconstrução com a saída de seus principais jogadores para outros times durante as janelas de transferências.
Escolha-se um ou outro, vamos para o próximo passo em busca da reformulação.
O ELENCO PARA REFORMULAÇÃO
Atualmente temos jogadores que não mostram qualidade como titulares ou reservas, outros que nem jogam e apenas compõem o elenco e ainda alguns que sequer são relacionados e apresentam insatisfação. Muitos destes jogadores talvez não se encaixem no perfil do técnico.
Ao olharmos isso, temos que ter em mente duas coisas para o descarte e para a adição de jogadores:
1- Está comprometido com o projeto?
2- Se encaixa no perfil do técnico?
A resposta para as duas perguntas precisa ser SIM. Qualquer coisa diferente disso… tchau.
Como exemplo podemos olhar para o Liverpool e para o Manchester City, que passaram por mudanças assim recentemente e são claros exemplos de reformulação.
Olhando na imagem abaixo a primeira e a última escalação do Manchester City de Pep Guardiola e do Liverpool de Jurgen Klopp, você nota algo diferente?
Sim, quase nenhum dos jogadores permanecem no clube. Ficaram apenas jogadores comprometidos com os projetos e que se encaixavam nos perfis dos técnicos.
Então não se assustem ou julguem o próximo técnico do Manchester United se alguns jogadores saírem. Sempre pensem nesses dois pontos citados e se prendam neles.
Vale também pontuar: nada disso aconteceu da noite para o dia.
Klopp começou no Liverpool em outubro de 2015 e ganhou seu primeiro título apenas em 2019. Ele teve que passar por quatro anos de reformulação.
Guardiola começou em julho de 2016 e ganhou seu primeiro título em 2018, após dois anos de trabalho.
Sei que já estamos nesse discurso de reconstrução há anos, mas agora acabamos de entrar em uma nova reconstrução. A reconstrução da reconstrução.
Então, mais uma vez, teremos que ter paciência e esperar mais algum tempo. Quem sabe em um ano, talvez em dois ou quatro… ninguém sabe. Mas temos que ter fé que voltaremos ao topo.
Texto de Gabriel Vasconcelos
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