Alguns jogadores simplesmente nasceram para jogar pelo Manchester United.
Todos nós percebemos isso assim que Bruno Fernandes vestiu a camisa Red Devil pela primeira vez. Agora, quando nosso capitão atingiu a marca de 300 partidas pelo clube, outro jogador que marcou seu primeiro gol parece se encaixar de forma perfeita: Matheus Cunha.
O gol contra o Brighton rendeu manchetes, análises na Sky Sports e o título de Match of the Day. Mas nós, torcedores do United, já sabíamos disso. Anfield foi o ponto culminante de um amor crescente pelo nosso novo camisa 10, estivesse ele marcando gols ou não.
MATHEUS CUNHA
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É preciso uma certa coragem para brilhar em um jogo entre United e Liverpool. Cunha mostrou exatamente isso. É um lutador que joga com talento e é o tipo de personagem que eleva o nível dos companheiros, tanto quanto carrega a bola.
Quando avaliamos os jogadores do United, muitas vezes perguntamos: “Eles passam no teste de Anfield?” como Sir Alex Ferguson costumava dizer. Cunha passou. E com louvor. Mostrou habilidade, controle refinado de peito, força no jogo de pivô e uma certa arrogância nos minutos finais tensos que irritaram torcida e jogadores adversários.
Esses momentos constroem o amor por um novo jogador, amor esse que ficou evidente em Old Trafford na noite de sábado.
Em Stretford End, uma bandeira dizia “MILAGRE BRASILEIRO”, com uma representação de Matheus Cunha como o Cristo Redentor, do Rio de Janeiro. E há bons sinais de que Cunha pode mesmo ser o “redentor” do United — aquele que traz bondade e restaura a honra.
Tenho a impressão de que a torcida do Manchester United na Inglaterra está bastante feliz com Matheus Cunha 🇧🇷🔥 pic.twitter.com/brDcfQvNDk
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A pressão individual sobre ele havia crescido antes do jogo contra o Brighton. As manchetes começavam a ser escritas sobre sua espera pelo primeiro gol, mas se ele sentia esse peso, não demonstrou. E essa é uma das coisas que gostamos.
“Eu realmente acho que a pressão neste clube é um privilégio”, disse ele em sua primeira entrevista no Manchester United.
É um sentimento que ele repetiu várias vezes em suas falas e é algo visível em seu jogo. Como afirmou Rúben Amorim: “Ele se sente mais confiante se o jogo for mais difícil. Ele quer a responsabilidade.”
Matheus Cunha evidentemente ama jogar futebol e essa é uma qualidade cativante para qualquer torcedor. Seu sorriso e estilo são contagiantes, algo que seus companheiros notaram desde o primeiro dia.
Pouco depois da chegada de Cunha, Casemiro nos disse que ele “transmite muita alegria”. A dupla brasileira compartilhou um momento adorável diante da East Stand no sábado, quando um radiante Cunha pulou nos braços do compatriota para comemorar.

Matheus Cunha e Casemiro comemoram gol do Manchester United
Foi o tipo de gol que esperávamos. O tipo de gol que ele marcava repetidamente pelo Wolves. A jogada contra o Brighton confirmou isso: um primeiro toque perfeito, a bola dominada com precisão e o chute colocado com a parte externa do pé direito entre o zagueiro e a trave.
Em entrevista, Rúben Amorim foi enfático: “As pessoas dizem que ele veio aqui por dinheiro. Isso é mentira.”
Ele queria deixar bem claro que com Matheus Cunha nunca houve dúvidas. Desde o momento da assinatura, seu carinho pelo clube brilhou. Por isso ficamos tão felizes em vê-lo marcar e, melhor ainda, em Old Trafford, numa vitória importante.
Mas não foi apenas o gol. Assim como seu desempenho em Anfield não precisou de um para ser admirado. É a combinação entre ética de trabalho e talento, um espírito que conquista.
O barulho em Stretford End quando Cunha voltou para marcar e roubar uma bola de Mats Wieffer, do Brighton, mostrou o quanto essa entrega é amada tanto por nós como por Rúben Amorim.
“Cunha fez um ótimo trabalho defensivo e foi completamente diferente dos primeiros jogos”, disse o técnico após a partida.
A atuação de Matheus Cunha me lembrou de outra fala de Amorim, ainda durante a pré-temporada:
“Às vezes, precisamos olhar para o passado e entender o que trouxe o sucesso. O futebol mudou, o mundo mudou, mas há coisas que permanecem. Esse é o espírito dos jogadores. Quando vou a Old Trafford e vejo uma boa performance, sinto a emoção de todos. Os torcedores merecem caras como Matheus Cunha e Bruno, jogadores que levantam o ambiente.”
Daí o carinho imediato por Matheus Cunha, as bandeiras e os aplausos. Nas próximas semanas, ou nos próximos mês, ele pode até viver um momento de baixa, mas os torcedores do Manchester United certamente apoiarão um jogador que dá tudo de si e joga com personalidade. O amor vai perdurar.
A forma de jogo de Matheus Cunha traz uma semelhança inevitável com outro jogador por quem a torcida se apaixonou: Wayne Rooney. Cunha, por sinal, o mencionou em seu primeiro dia no clube:
“Rooney era o camisa 10. Todos amavam o estilo dele, mas ele sempre se entregava mais. Ele ia buscar a bola, tinha aquela energia… foi um grande exemplo para mim.”
Rooney, por sua vez, reconheceu isso em entrevista recente:
“Ele é exatamente o que o Manchester United precisa”, disse Rooney em seu podcast. “Você precisa de alguém com caráter. Isso protege os outros jogadores. Quando há um cara com esse espírito e essa coragem, os outros seguem.”
Vimos Rooney fazer isso por anos e a torcida ainda canta seu nome nos jogos. Agora, uma bandeira naquela arquibancada retrata Cunha como nosso redentor. “Milagre brasileiro”, ela diz. Mas Cunha não é um milagre, na verdade. É apenas um jogador que ama o jogo, prospera sob pressão e vive seu sonho.
E que alegria é vê-lo fazer isso.
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Por Harry Robinson — artigo de opinião publicado originalmente no site oficial ManUtd.com


