Na história do futebol existem heróis em abundância, mas não existe outro como Bobby Charlton. O filho de mineiros de Northumberland era um jogador com um talento sublime e único, um ídolo do futebol sem nenhuma fraqueza conhecida, e que permanece como o melhor embaixador internacional vivo do futebol inglês.
Aqueles que o viram jogar foram privilegiados. Eles testemunharam uma combinação gloriosa de seda e dinamite que tirava o fôlego. Como Paddy Crerand, por tanto tempo seu parceiro no meio de campo, diz: “Você nunca viu uma aparência mais graciosa dentro de um campo de futebol. Bobby era pura poesia.”
Cantos de glória foram cantados para seus atributos mais espetaculares – o chute poderoso, o fantástico passe de longa distância e o devastador giro de corpo – mas seu talento mais precioso, e aquele que faz os outros serem tão mortais, era seu instinto. Bobby possuía uma percepção natural que o elevava a um gênio, um termo que não deve ser usado sem razão, mas o único que vai servir aqui. Isso não quer dizer que ele não trabalhava o seu jogo. No começo de sua carreira, ele podia ser visto chutando uma bola na parede por duas horas, em um esforço para melhorar uma habilidade em particular.
Antes de Munique, enquanto começava a deixar sua marca, Bobby jogava com uma tranqüila exuberância, que desapareceu para sempre quando começou a receber responsabilidades extras por causa da tragédia. Ele tinha grande visão de jogo e era um artilheiro, e alguns julgamentos respeitáveis dizem que as memórias dessa fase de sua carreira são as melhores.
Depois, em quatro temporadas no início dos anos 60, ele se tornou um ponta esquerda, e existem aqueles que defendem que esta era sua melhor posição. Certamente, quando ele recebia a bola antes, era bonito de vê-lo ir à linha de fundo e cruzar para um daqueles atacantes incríveis.
Mas a maioria concorda que Bobby não foi visto em seu esplendor antes que se tornou um meia avançado, um papel que usava sua habilidade ao máximo. No meio de campo, junto com Crerand, ele orquestrava uma das mais brilhantes jogadas na história do futebol Britânico. Os frutos foram dois Campeonatos e a Copa da Europa. Enquanto isso, houve o pequeno assunto de ajudar a Inglaterra ganhar a Copa do Mundo de 1966.
Havia, no entanto, um preço a pagar por tanta excelência ? Era ele um jogador sem falhas ? As respostas, claro, eram “sim” para a primeira pergunta, “não” para a segunda. Haviam horas em que Bobby, seguindo seu próprio caminho intuitivo, saia de sua posição, o que poderia significar trabalho extra para os outros jogadores que o cobriam. E planos táticos profundos não eram seu forte, bem como divididas fortes e desesperadas.
Mas e daí ? Um time bem sucedido precisa de uma mistura de talentos. E ninguém que jogasse ao lado de Bobby preferiria-o de outra maneira. Ele era um extraordinário definidor de jogos, e um cavalheiro supremo que se tornou uma instituição nacional. Desde sua aposentadoria ele superou uma tremenda timidez, que muitos confundiram com apatia, e no entanto manteve a modéstia que sempre fez parte de seu apelo público. Agora como um diretor em Old Trafford, seu amado “Teatro dos Sonhos”, Bobby Charlton vai ser lembrado enquanto o futebol existir. A nobreza que chegou em 1994, foi um devido tributo, embora para sua legião de admiradores de longa data não era muito necessário. Para eles, ele sempre foi Sir Bobby.