Grande, loiro e cheio de confiança, Gary Bailey passava a impressão que aqui estava um homem que nasceu para defender o gol. Mas se a imagem era perfeita, as atuações estavam nesse nível ?
De fato, a carreira de Gary era algo como um paradoxo. De um lado ele era geralmente caluniado por suas saídas em cruzamentos; no outro, ele se tornou titular da seleção da Inglaterra e era a última linha de defesa de um dos maiores clubes ingleses por quase uma década.
O filho do antigo goleiro do Ipswich Roy Bailey, Gary foi mandado para Old Trafford para um teste pelo ex-United Eddie Lewis, que o descobriu na África do Sul. O jovem precoce deixou sua marca rapidamente quando – profeticamente como era para ser provado – seu machucou o joelho no treino e lhe foi oferecido uma antecipada chance no time profissional quando o acordo com Jim Blyth do Conventry não foi acertado no último instante.
Com uma confiança característica ele aproveitou ao máximo sua chance. Manteve-se sem tomar gol em sua estréia contra o Ipswich, mesmo tendo que jogar com um temporal caindo, e logo depois assumiu a posição. Seu rápido progresso foi confirmado quando, apenas três meses depois, ele jogou pela Inglaterra na sub-21.
A primeira temporada terminou de modo dramático quando o United foi derrotado pelo Arsenal com um gol no fim na final da FA Cup, e alguns comentaristas culparam o goleiro novato por não ter cortado o cruzamento que Alan Sunderland botou pra dentro e fez o gol da vitória. Tendo dito isso, tem que ser notado que a construção da jogada por um inspirado Liam Brady e o cruzamento de Graham Rix foram pura perfeição.
Chegou 1983 e Gary pagou qualquer débito, real ou imaginário, fazendo uma defesa no último minuto contra o Brighton de Gordon Smith, possibilitando os Reds a jogar um novo jogo em Wembley, e depois seguindo para levantar a taça. Dois anos depois, ele se manteve sem tomar gols e ganhou uma segunda medalha de vencedor da FA Cup, quando o United ganhou do favorito, Everton.
Até então Gary, que ganhou em porte físico durante seus anos em Manchester, se desenvolveu em um excelente goleiro embaixo das traves, que falhava ocasionalmente quando saía de sua área, embora raramente com resultados catastróficos. Ele era um falador em campo e se beneficiou imensamente pelo treinamento de Harry Gregg.
Então onde tudo isso o deixa ? Sempre logo atrás do topo do ranking, certamente; mas igualmente sem dúvida que ele esteve no topo na maioria dos seus anos na primeira divisão. Quando uma lesão de joelho terminou com a carreira de Gary aos 29 anos, provavelmente lhe privou de seus melhores anos.