A carreira de Steve Coppell no Manchester United divide-se nitidamente, ainda que para muitos observadores, frustrantemente, em duas partes. Primeiro veio o incrível desempenho dos tempos de Docherty, tabelando a bola entre zagueiros, correndo por eles asperamente e lançando com estilo e exatidão remanescente daquela era dourada em que Alf Ramsey colocou os pontas de lança no auge.
Então veio o reinado de Sexton, trazendo consigo uma mudança notável no papel do esperto jovem de Liverpool. As arrancadas selvagens – que foram a marca registrada dos Red Devils em seu surgimento após o pesadelo da segunda divisão – foram amplamente substituídas por um futebol organizado e cuidadoso tocado pelo meio e pela direita. O novo Steve Coppell certamente era um valioso membro aliado a Dave Sexton e chegou muito perto do triunfo na Liga e na Copa FA (sem levantar nenhuma taça). No entanto, nunca veio a agradar as multidões como antigamente.
Sempre seria difícil viver como nos primeiros anos de Manchester. Na verdade, sua chegada foi quase como um conto de fadas para meninos. O lateral novato – ele havia acabado de assinar com o Tranmere por $40.000 com bônus de $20.000 se ele fizesse 20 partidas! – foi trazido para substituir Willie Morgan durante uma partida em casa contra o Cardiff City, a onze jogos do fim da campanha da segunda divisão. Esperava-se que os Reds ganhassem com folga, mas depois de uma hora ainda não havia gols e os torcedores estavam ficando impacientes. Meia hora depois, o Manchester venceu por 4 a 0, com dois dos gols assinados pelo novo garoto.
Steve manteve sua posição até o final da temporada e dali por diante foi uma escolha automática, até que uma lesão no joelho sofrida num jogo pela Inglaterra em novembro de 1981 o forçou a se aposentar aos 28 anos, depois de três cirurgias e muito sofrimento, em setembro de 1983.
Talvez uma razão pela qual seu futebol impressionante em 1975/76 e 1976/77 (quando ele formou uma parceria matadora com Gordon Hill) se tornou algo inferior pode ter sido o fato de que, nos anos posteriores, alguns jogadores de defesa descobriram como combater seu modo correr tão diretamente. Eles começaram a marcá-lo mais fortemente, tornando a passagem dele mais difícil e reduzindo sua eficiência. Fazendo justiça a Sexton, esse fator pode ter tido muito a ver com a mudança de abordagem de Steve.
No novo papel, ele desfrutou de quatro temporadas como presença constante, durante as quais seu ritmo de trabalho, determinação e contribuição geral para a dedicação do time foram imensos. Mesmo se o velho topetudo estivesse em menor evidência, ainda havia momentos brilhantes de ataque e gols fundamentais a se aproveitar.
A carreira internacional de Steve desabrochou como esperado e, merecidamente, ele alcançou uma imagem equivalente à de Bobby Charlton em termos de integridade e espírito esportivo. Aliadas a uma mente astuta, essas qualidades permitiram que Steve, que já havia presidido a Associação de Jogadores de Futebol Profissionais (PFA), sutilmente passasse para a administração, alcançando um grande e precoce sucesso com Crystal Palace.
Inevitavelmente, isso inspirou prognósticos de que ele poderia vir a tomar o lugar de seu chefe no Old Trafford, e mesmo sua regeneração após a saída do emprego em Selhurst Park, depois de um rebaixamento, não afastou a idéia de todo. Entretanto, sua incapacidade subseqüente de lidar com o stress de gerenciar Manchester City culminando com seu abandono da Maine Road, 33 dias depois de ter assumido, fez com que as chances de Steve Coppell vir a liderar o Manchester United (ainda que num futuro distante) se tornassem muito pequenas.