Se um treinador de outro planeta, atraído pela reputação exaltada de Roger Byrne, mandasse um olheiro para vê-lo treinar, haveria um “alien” bem confuso quando ele mandasse o relatório de volta. Estaria escrito algo como: cabeçadas – fraco; marcação – comum; pé-direito – bom; pé-esquerdo – médio; impressão geral – decepcionado. Mas se o mesmo olheiro, cauteloso por tomar uma decisão tão rapidamente, decidira ficar para um jogo, ele teria rasgado suas notas na hora e avisado ao chefe para teletransportar imediatamente Roger.
A verdade é que Roger Byrne era um jogador superlativo, um dos defensores mais completos na história do futebol britânico, mas que seu jogo desafiava as análises lógicas e detalhadas. Detalhe suas características e ele passaria por um mal jogador; mas veja o em ação e ele era “o cara”.
Ele começou como um ponta, e foi convertido a lateral-esquerdo, aonde jogou pelos reservas do United. Seu primeiro jogo com a camisa número 3 por qualquer time do United foi na Division One, em Anfield. Essa foi a temporada vitoriosa de 1951/52 e Roger foi tão impressionante que ele só ficou nessa posição até 6 jogos antes do fim da campanha.
Então, depois de algumas derrotas, Matt Busby optou por experimentar e o recém-convertido lateral voltou ao seu antigo papel na ponta e marcou sete gols em seis partidas, enquanto o United marchou para o título sem perder mais. A temporada seguinte, Roger voltou à lateral esquerda, virou titular e foi jogar na mesma posição pela Inglaterra, de sua estréia na seleção em 1954 até sua morte em Munique.
Roger, que sucedeu Johnny Carey como o capitão do United, foi um homem que deturpou a convenção do futebol. Primeiro, ele jogava na esquerda, mesmo sendo destro. Mais significante ainda era sua tendência a atacar em uma era que a maioria dos laterais ingleses achavam que seu lugar era em sua metade do campo e lá eles deveriam ficar. De verdade, aqui existia um jogador a frente do seu tempo.
Seu melhor bem era a velocidade, mental e física. Haviam poucos adversários que poderiam lhe passar a perna com sua inspirada antecipação e boa leitura do jogo, e haviam poucos pontas – Peter Harris do Portsmouth é o único que vem à cabeça – que poderiam fazê-lo ficar sem fôlego.
Mais que o exemplo que ele deixou no campo, Roger era um líder nato em todas as maneiras. Embora tivesse 28 anos quando morreu, ele era uma figura paterna para os jovens no time profissional. Um homem com integridade, ele tinha o respeito deles e se as vezes sua língua parecia afiada, eles aceitavam sua disciplina. Roger Byrne exalava classe e carisma. Ele se destacaria em qualquer empresa, em qualquer tempo.