Eis que a finalmente os raios de sol começam a iluminar e aquecer as gélidas manhãs de Manchester. É a esperança que ecoa junto de um grito ensurdecedor de “We are back!” (Estamos de volta).
Nas últimas semanas, os holofotes do futebol mundial giraram em torno do gigante de Manchester. O mundo voltou a temer o clube vinte vezes campeão inglês e tri europeu, não apenas pelo retorno de uma lenda, mas pela ressurreição de um espírito, melhor dizendo: de uma mentalidade construída ao longo de décadas que estava meio adormecida.
Astuto como um predador buscando a quem devorar e rugindo incessantemente como um leão faminto, a verdade é que os diabos vermelhos voltaram a causar pânico e terror aos adversários do mundo inteiro. Porém é preciso fazer uma ponderação.
Apesar de estar claro em que patamar o United se colocou, é necessário paciência e cautela, pois grandes expectativas trazem junto grandes responsabilidades e às vezes, grandes frustrações. É inegável que temos um time com potencial para brigar por títulos de primeiro escalão (Premier League e Champions League), todavia, será que já estamos maduros o suficiente para tanto?
O futebol não é uma ciência exata, chata e pragmática como a matemática. Existe um universo infinito de possibilidades. Quem diria que um time habituado a enfrentar adversários do mais alto nível e não perder fora de casa perderia para um time aparentemente inofensivo como Young Boys? O futebol é mesmo imprevisível.
Há muita coisa sendo dita, há muito barulho, mas pouca racionalidade. Não podemos nos deixar ser conduzidos pelas paixões ao ponto de ignorar completamente a razão. Não é justo que questionemos e condenemos um projeto que vem sendo construído por conta de um tropeço. Aqui longe de querer defender A ou B, mas é necessário colocar os pingos nos “i” e refletir sobre o contexto que permeia a situação. Logo, passemos a uma franca análise sobre o que considero as partes integrantes de um clube:
Elenco:
As expectativas em torno do elenco são enormes e sinceramente, são expectativas justas e legítimas. A mais de uma década que não vemos um grupo tão forte, completo e unido. É perceptível o quão estão leves e felizes em vestir a camisa do clube. Temos jogadores do mais alto nível em quase todas as posições e um STARTING XI quase que perfeito no papel.
Faltou algo? Sim. Seria muito bom ter um meio campista com mais pegada e jovialidade para ocupar a cabeça da área, mas enquanto não é possível, dá para fazer algo a respeito.
Os craques:
Temos o melhor e mais decisivo jogador do mundo e isso não é exagero. Não há um único defensor no universo que não respeite e tema o nosso camisa 7. Um jogador completamente identificado com o clube e que entende a sua grandeza. Tecnicamente inquestionável, ambicioso, com perfil de liderança e mentalidade vencedora, eis que estamos diante um craque perfeito e lindo.
Protagonismo absoluto de Cristiano Ronaldo?
Ao lado dele temos dois grandes meio campistas muito acima da média. Pogba e Bruno Fernandes são os arcos que irão municiar o craque português e diria que se houver sintonia total, poderemos ter a quebra de muitos recordes.
Além deles, é importante observar o crescimento dos três meninos de Manchester (Sancho, Rashford e Greenwood) com potencial imenso.
O treinador:
Em um time com CR7, Pogba e Bruno, é estranho que o centro das discussões esteja em torno de Olé Gunnar Solksjaer. Em um contexto favorável, estaríamos discutindo o Starting XI perfeito e o ataque ideal, contudo, infelizmente ainda há muita desconfiança quanto a capacidade do treinador em fazer o time funcionar.
É inegável que o trabalho do norueguês tenha coisas muitíssimo positivas, pois se hoje podemos nos gabar de ter um grande elenco e um ambiente positivo, tudo isso passa diretamente pelo trabalho de vestiário e de bom relacionamento que o mesmo tem com o staff/elenco. Olé é um grande ser humano, contudo, deixa a desejar em outros fatores.
Na função de manager, ele é indiscutivelmente o melhor que já tivemos após Ferguson, contudo, no que diz respeito ao fator técnico, o mesmo parece ainda estar bem imaturo e evoluindo a passos muito curtos. O Solksjaer está longe de ser horroroso, contudo, é nítido que ele sequer figura entre os melhores da Premier League. Em contrapartida, nossos adversários diretos possuem treinadores consolidados do mais alto calibre, o que somente reforça a necessidade do OGS evoluir para não ficar ainda mais para trás.
Algumas decisões do Solksjaer como treinador por vezes me fazem pensar de que ele parece estar na função errada. Insegurança e erros amadores em coisas básicas e isso fica ainda mais escancarado durante o jogo na hora das substituições. Muitas vezes é covarde e acaba não tomando decisões quando deve tomar, como foi na final da UEL, outras vezes quando toma, decide mal, como foi em todo o jogo durante o Young Boys.
É cômico pensar que na temporada passada nem com ação judicial o Bruno Fernandes tinha descanso e que no último jogo saíram ele e CR7 após o time sofrer o empate e precisar muito do poder de decisão, liderança e talento de ambos.
Talvez Olé fosse o diretor de futebol perfeito que tanto sonhamos, pois seus erros são no que diz respeito ao aspecto do jogo. Ele é excelente com montagem de elenco, relações pessoais e um elo perfeito entre jogadores/staff. Contudo, parece muito limitado no que diz respeito a questões de tática e leitura de jogo. Quando lembramos que estamos competindo com Guardiola, Kloop e Tuchel até bate um desespero.
É pouco provável que ele vá ser demitido, logo, nos resta apoiar e torcer pela sua evolução.
Comissão técnica:
Eis o grande calcanhar de Aquiles do clube. Nossa comissão técnica mais parece ter sido escolhida por afeto do que por capacidade de gerir um elenco. Para ilustrar, Jurgen Klismann tinha Joachim Low como seu assistente. Já Low por sua vez, tinha Hansi Flick como seu assistente. O que se visualiza é uma comissão aparentemente composta por puro coleguismo e não por competência técnica. Carrick definitivamente não parece ser alguém com potencial para o cargo que a anos ocupa.
Sem dúvidas ter mantido Albert Stuivenberg, ex-assistente do Van Gaal e Giggs na seleção galesa, recém contratado do Arsenal, teria sido uma decisão mais acertada. Para quem não se lembra, “O mágico”, como é conhecido, foi uma das poucas coisas boas da comissão técnica do LvG e nós bem sabemos o quão bom é o faro de Van Gaal para treinadores e jovens promessas.
Acredito firmemente que a única maneira de suprir as deficiências técnicas do Olé como treinador é ter uma comissão técnica de extrema qualidade, eficiência e profissionalismo. Não vai adiantar muito investir fortunas em jogadores se não tiver quem saiba trabalhar e fazer bom uso deles.
A direção:
Parece que o jogo virou, né? Contratações ágeis e certeiras. Dessa vez nada a reclamar.
Concluo essa análise afirmando que nosso clube está alçando um livre voo ao topo, mas para tanto, é preciso paciência, organização e certamente mudanças. Para que um time funcione é necessária harmonia e espírito, algo que acreditamos piamente de que não faltará, afinal, é perceptível a mudança de mentalidade.
Sofram com os tropeços, mas não se desesperem. Critiquem, cornetem e xinguem, mas sem perder a razão. Nós estamos crescendo! Como uma fênix avassaladora rugindo ferozmente estamos alçando um livre voo ao sucesso. Estamos no caminho certo. Os troféus virão, é só ter fé na ideia e apoiar!
DIAS MELHORES JÁ CHEGARAM!
GLORY GLORY MAN UNITED!
No peito um coração que pulsa relutantemente pela sua inexorável paixão, a bola. Filipy é amante incondicional do Vasco da Gama e do Manchester United, vive e respira futebol. O pernambucano de 19 anos é assíduo telespectador desse esporte que lhe arranca os suspiros mais ofegantes. Por causa dele, inclusive já furou encontro com a própria namorada. A bola é seu grande amor e somente sob à majestosa ótica daqueles belíssimos gramados verdes é que o pequeno estudante de direito encontra o seu maior refúgio nas tardes negras de domingo.
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